Gastronomia

[Gastronomia][bsummary]

Cultura

[Cultura][bigposts]

Saúde

[Saúde][twocolumns]

Simbolismo ancestral dos baobás de Pernambuco vira filme poético


O olhar poético costurado às possibilidades da linguagem visual dão o tom narrativo de um documentário concebido para ressaltar a exuberância ambiental, religiosa e cultural dos baobás - espécies vegetais popularizadas como “árvores da vida” e conhecidas tanto pela imponência estrutural e pela longevidade (de séculos!) quanto pelo simbolismo da união ancestral entre a África (de onde são originadas) e o Brasil. O filme batizado de “Jardim Ancestral” ressoa um projeto ousado de catalogação desse tipo de planta em Pernambuco e no Recife - referenciada como a capital dos baobás por ser a localidade com maior quantidade de exemplares fora do continente africano.

O curta-metragem dramatiza a busca de avô, pai e filho por uma árvore capaz de materializar reflexões sobre tempo e memória e encontra nos baobás do Recife e de Ipojuca uma metáfora para debulhar questões relativas a ancestralidade, resistência e reconexão - sobretudo do povo negro. A abordagem estrutura copas, raízes, galhos, folhas e externalidades de seis das maiores espécies do estado enquanto paralelos do poder de atravessar gerações e perpetuar laços de família, heranças históricas, a resiliência da natureza diante do tempo e da violência perpetrada por ações humanas de viés exploratório. No filme, o baobá cruza os anos em meio à sucessão de famílias e corpos aos quais dá guarida para representar a terra como guardiã de lembranças e realçar a semeadura da promessa de futuro.

“O filme nasce da vontade e do desejo de celebrar a força, a imponência e a beleza dos baobás do Recife e de Pernambuco. Essas árvores que habitam aqui o nosso território e guardam histórias profundas que são símbolos de resistência da cultura negra no nosso estado. O filme também convida à reflexão sobre a preservação dessas espécies e a proteção das árvores. São parte do nosso patrimônio”, diz Mateus Guedes, diretor e roteirista, para alertar sobre o papel conscientizador do curta-metragem com direção de produção de Ana Sofia e elenco formado por Orun Santana, Gilson Santana (Mestre Meia Noite) e Lottus Santana. A expectativa dos realizadores é levar o curta-metragem para festivais nacionais e internacionais de cinema.

A história apresentada na tela sucede um trabalho de catalogação para o projeto Raízes, mapeamento audiovisual inédito dos baobás de Pernambuco tocado em parceria por Ana Sofia e Mateus Guedes, ambientalista à frente de uma pesquisas de mais de cinco anos sobre a relação da planta com o estado e a cultura negra - o inventário imagético produzido ao fim do levantamento das espécies pernambucanas mais imponentes está disponível no site www.osbaobas.com.br.

É uma fração das centenas existentes no estado - cerca de 150 situadas no Recife, algumas com mais de três séculos de vida e representatividade ímpar para o povo negro. Catorze são tombadas, duas estão com processo em andamento, proteção proveniente de leis destinadas a manter as espécies vivas e respeitadas pela relevância natural e histórica. Dos seis baobás retratados no filme, quatro ficam no Recife e estão plantados na Praça da República, na Faculdade de Direito, no Jardim do Baobá e na Encruzilhada - os outros dois estão em Ipojuca, um na região de Suape e um em Porto de Galinhas.

A cultura de origem afrodescendente atribui ao baobá o poder de inspirar lendas, ritos, poesias e, em Pernambuco, as espécies foram fincadas no solo para demarcar os locais dedicados à celebração da religiosidade de matriz africana e de valorização da combatividade do povo negro contra a opressão colonial, social e econômica - da era do regime de escravidão aos dias atuais. O Jardim Ancestral é, assim, um dos filhos mais recentes de uma história habituada a enraizar no chão e na alma as raízes da resistência.

FICHA TÉCNICA:
Elenco ORUN SANTANA, MESTRE MEIA NOITE e LOTTUS SANTANA
Argumento e Roteiro MATEUS GUEDES
Direção MATEUS GUEDES
Produção Executiva ANA SOFIA
Direção de Fotografia JOSÉ REBELATTO e JÃO VICENTE
Direção de Produção ANA SOFIA
Assistente de Produção LUIZ BARBOSA
Assistente de Direção RAFAEL CAVALCANTI
Assistente de Câmera GABRIELA PASSOS
Direção de Arte NATHALIA BRASIL
Som Direto GUTO QUIJANO
Desenho de Som DERIVA
Trilha Original DERIVA
Edição e Finalização de Som DERIVA
Montagem e Edição MATEUS GUEDES
Cor JÃO VICENTE
Direção Criativa SOMBRA
Projeto Gráfico GUSTAVO ANDRÉ
Acessibilidade LIGA CRIATIVA e RUAN CARLOS

Nenhum comentário:

Postar um comentário